“Quanta violência nesse mundo, a Polícia parece não agir nesse país!” Inúmeras são as reclamações sobre a lastimável situação de violência que muitas vezes nos cerca. Evidente que muitas vezes o poder coercitivo falha na aplicação de suas leis, no entanto, o Estado deve agir, no que concerne à violência, em ultima instancia, uma vez que muitas instituições têm papel primordial na solução desse grave problema. Fazendo uma comparação com países que certamente estão à frente do nosso nesse quesito podemos aprender muitas coisas.
1. E a primeira delas é a estruturação familiar. Para receber uma criança é necessário muito planejamento, tempo, dinheiro, e muita, muita paciência. Observamos no contexto brasileiro pessoas totalmente desestruturadas trazendo à vida crianças, que inocentemente são recebidas sem preparo algum. Muitas vezes observamos pessoas com árduas rotinas de trabalho deixando suas crianças serem educadas simplesmente pela vida, não despendem o necessário tempo e atenção a elas.
Uma família bem estruturada é o berço para uma sociedade educada e respeitosa, e é ela que deve agir em primeiro lugar na educação.
2. A educação recebida nas escolas é também de extrema importância. Observando o Brasil é inegável a deprimente situação educacional. E se entrarmos no âmbito de seus problemas nos alongaríamos demasiado, a começar pela desvalorização indevida do professor. Citando Dostoievski “A alma é curada ao estar com crianças.” O papel do educador no âmbito escolar é inegavelmente magnifico, cabe à essa Instituição completar a educação já iniciada no lar.
Devido à situação em que se encontra o sistema educacional publico muitas instituições não governamentais atuam buscando dar um apoio a essas crianças, muitas delas, passam o dia na rua, num ócio não construtivo. Aliás, penso que o apoio, até mesmo voluntario, que se possa dar a essas Instituições é muito enobrecedor, e até mesmo “curador de almas”, parafraseando Dostoievski.
3. A moral, regras de boa conduta, e até mesmo a religião devem ser inseridas na educação da criança. Defendo que a religião exerce um papel muito importante na educação, uma vez que ela instrui a parâmetros de boa conduta e mostra também um ideal de vida a um ser. Com o termo “religião” me refiro, não a um termo segmentado que defende verdades de forma incontestável, mas à uma fé basilar de que devemos agir com eticidade por uma causa humanitária que vai além dos propósitos materiais. Novamente encontramos em Dostoievski passagem sobre isso: “O segredo da existência humana reside não só em viver mas também em saber para que se vive.”
4. E, em última instância, atua o poder coercitivo estatal, buscando, na eficácia de suas leis, corrigir aquilo que as já mencionadas instituições omitiram no processo da educação. Nesse ponto, a correção passa a ser pela severidade, já que busca concretizar não só a mera educação do individuo infrator, mas também defender e manter a integridade de toda uma sociedade. Em nosso pais, notamos que essa passa a ser, em muitos casos, a primeira instituição a agir, devido à falha das outras, o que é demasiado prejudicial, entregar ao Estado em sua atuação punitiva toda a responsabilidade de educar de uma sociedade. No entanto, para se manter a ordem pública a severidade, nesse ponto, é necessária. E se formos entrar no mérito da questão carcerária em nosso país, bom, nos prolongaríamos por páginas.
Finalizando, para aqueles que agem de forma justa e na busca efetiva de uma sociedade melhor e encontra no seu caminho verdadeiros motes de infelicidade e lamento, reproduzo uma passagem da tão aclamada obra de Dostoievski “Crime and Punishment” (Prestupleniye i nakazaniye): “Pain and suffering are always inevitable for a large intelligence and a deep heart. The really great men must, I think, have great sadness on earth.”
Aliás, desse livro surgiria um belo debate sobre a aceitabilidade de violar a vida algum individuo por um objetivo maior, dilema suscitado pelo personagem Raskolnikov. Quem sabe num próximo artigo.