Qual o maior defeito da humanidade? A hipocrisia, eu diria. Vivemos de forma hipócrita e raramente observamos isso. Eu, por exemplo, posso dizer para várias pessoas sobre a importância da reciclagem e, ao chegar em casa, me desatentar para a coleta seletiva, misturando todo o lixo, que trágico.
Há um anseio coletivo (ao menos é o que se diz) para a paz mundial. Vendo tantos acontecimentos trágicos motivados pelo ódio, sonhamos com o dia em que isso cessará e viveremos, então, em harmonia. Mas até quando esperaremos que o Cósmico se organize para isso acontecer se nós mesmos não colaboramos com isso? Há no ser humano um desejo primitivo e irrepreensível de guerra. Há um lado negro no inconsciente de cada um almejando pela guerra e tentar negar nosso lado negro é como alimenta-lo. Apenas o auto conhecimento pode nos fazer ter mais domínio sobre isso, podendo assim, controlar melhor nossos desejos e sentimentos.
A cada vez que maldizemos o pedinte no semáforo, cada chá da tarde que comentamos sobre o “filho drogado da vizinha”, ou mesmo quando entramos nas redes sociais para nos comparar materialmente com outras pessoas e desejá-las infortúnios por possuírem “algo mais”. Tudo isso é um tijolo na construção do ódio mundial. É o nosso lado negro almejando por guerra.
A paz mundial surge na compreensão, no amor, na caridade, e, principalmente, no auto conhecimento. Através da meditação e técnicas terapêuticas poderemos obter a serenidade e o controle de nossos instintos naturais, e, aplicando isso ao nosso cotidiano, estaremos contribuindo de forma eficaz e prática para a paz mundial.
Hoje em dia é difícil para um cidadão assistir um telejornal sem despertar seu ódio inato, pode até se chamá-lo de “sede de justiça”, ou vingança. Quando vemos um criminoso cometer um crime acionamos o ódio em nós, querendo o pior para ele. Mas o que diz o amor? Bom, muitos pensam que agir com amor seria ineficaz já que “perdoaria” todos seus erros e deixaria o crime impune. Quando seu filho comete um erro e você não o repreende e não o dá um “castigo” adequado, você não age com amor, mas com negligência. Assim acontece com o criminoso, amá-lo não significa deixá-lo impune, mas sim encontrar uma maneira eficaz de sanciona-lo. É racional. Querer que ele apanhe até a morte ou o confinar em um presídio inadequado só o tornará menos apto ao convívio saudável em sociedade. Ao contrário, um ambiente de aprendizado, trabalho (árduo!) e harmonia o faria, bem provavelmente, uma pessoa melhor. Poderíamos dizer que esse ambiente para um cárcere seria um tanto utópico. Mas se estamos falando de paz mundial é necessário ser.
Nosso ódio natural, nosso instinto pela guerra se contrapõe ao anseio coletivo pela paz mundial. Parece paradoxal. É um tanto hipócrita dizer a todos a necessidade da paz mundial sem nos atentarmos aos nossos comentários pejorativos e pensamentos odiosos. Para dominar seus instintos conte com sua inteligência e racionalidade, utilize a meditação e a terapia, e jamais se esqueça: orai e vigiai. Os anjos estão aí, mas para sintoniza-los é preciso cultivar boas freqüências. Sintonize a paz mundial, seja mais sábio que seu instinto por guerra.