Não sei. Sei lá. Desde que chegastes tudo se tornou indecisão. O colorido tornou sem cores, e o que era sem cores se tornou colorido. Hesitação, dúvida e preocupação. Há uma certeza em mim que é ligeiramente maior que eu. Sem dúvidas o que me cerca me assusta, o que vejo me parece tão nocivo e eu tão fraca e sem jeito. Mas há ali dentro aquela certeza. Se não fosse real me deixaria dúvidas. Mais real que a realidade. Sem tempo nem oscilação.
Se eu olho pela janela e vejo caos e confusão, olho para dentro de mim e vejo uma ligação. O que me liga a meu ser é a certeza. O que me distancia é a dúvida. Não duvide. Sinto meus pés firmes no chão, mas ao mesmo tempo sinto que o solo é uma areia que me puxa. Seguro na serenidade. A paz inabalável do ser. A certeza incontestável do divino.
Devaneios me buscam na madrugada. Medos e perturbações me distanciam de mim mesma. Na chuva de dúvidas eu sigo forte. Tomei um gole de sobriedade e observei a vida lá fora. A verdade crua e nua. A insolência dos passageiros, a correria do que foge de seus problemas. A serenidade luta por encontrar seu lugar mas fica de fora. Egos maiores do que os seres, verdade mais ocultadas do que instigadas. O cérebro humano tenta reparar os seus erros como uma máquina. Os humanos, por sua vez, usam seus cérebros como um erro. E assim, sucessivamente, a roda da vida vai se distanciando cada vez mais daquilo que é verdadeiro.
Levo a certeza. Busco a serenidade. E num mundo onde o caos dá força à depravação, estar firme é apenas um ponto de equilíbrio. Estar consciente é uma verdadeira proeza e estar feliz mera insanidade.