“Wer glücklich ist, fühlt; wer unglücklich ist, denkt.” Joachim Fernau
“Aquele que é feliz, sente; aquele que é infeliz, pensa.”
Por muito tempo me neguei a aceitar a magnitude da verdade contida nessa frase. Imersa em conceitos positivistas, tentava racionalizar todo e qualquer pensamento que ousasse aflorar em minha mente. O ego cartesiano escraviza a mente para que essa viva em função dele, tentando impor sentido lógico a tudo que vivencia.
Procuramos meios para justificar nossas emoções, mesmo nosso dia-a-dia, deve ser conduzido por uma linha lógica e linear, seguindo rígidas exigências e planejamentos do ego.
Por longo tempo, acreditei que se deixasse de racionalizar e simplesmente me entregasse ao momento, se vivesse cada momento como único ao invés de questionar o porque contido na situação, me tornaria burra. Acreditava que me tornaria alienada e seria uma criatura desprovida de inteligência que simplesmente aceita os fatos. Essa crença me fez cada vez mais escrava do meu ego, tolhi-me em autenticidade e criatividade à serviço de um ego tirano.
Hoje, percebo que o Positivismo, a soberania da razão em relação à entrega só nos confunde e nos leva a caminhos tortos. Lia Nietzsche como se ele fosse o senhor da minha verdade, como se entender seus escritos pudessem me trazer algum tipo de luz ou gloria, que suas ideias rebeldes seriam recepcionadas em minha mente e assim teríamos um pensamento uníssono. A verdade é que o que eu tentava entender era o ego de Nietzsche, as crenças que o ego dele construiu não necessariamente se aplicariam a mim. Não só em relação a esse, mas qualquer filosofo que lia, havia uma tentativa de adotar o pensamento daqueles com que me simpatizava. No entanto, em meio ao turbilhão de tantas crenças, a Verdade é única, e pode ser tão simples quanto “Viva o momento presente” ou “Há um Ser que habita em ti”.
A tentativa frustrada de me encontrar, ou tentar sanar minha infelicidade, por meio da busca pela compreensão racional e intelectual da realidade me levou a buscar outros meios, como a meditação.
Toda a verdade e magnitude que procuramos atingir se encontra dentro de nós, que ofuscados pelo tagarelar da mente, simplesmente ignoramos. Como Arjuna, na Bhagavad Gita, somos verdadeiros guerreiros lutando contra nosso ego e nossas desvirtudes. E no que consiste essa luta? Basicamente em amor e entrega.Entrega ao momento, à uma Verdade única.
Claro que não estou defendendo que devamos parar de ler para alcançar uma mente sã, muito pelo contrario. Muitas horas me dedico à leitura e aos estudos, seja de um novo idioma, assuntos espirituais ou até mesmo acadêmicos. No entanto, quando me recolho a exercer essas atividades ponho minha mente apenas a executar isso, admirando e me entregando a cada pagina e conteúdo da leitura, de modo, que o tagarelar externo vá gradativamente se acalmando. Essa é uma eterna busca de todos nós, acalmar a mente em nome da entrega ao momento.